Quem tem mais de um filho é fácil saber que cada um é diferente e mesmo tendo a mesma criação, valores e ética eles tem diferenças bem significantes no quesito personalidade.
Enquanto eu só tinha o Ian (agora com 9 anos) nunca me preocupei muito com essa tal autonomia infantil, porque ele sempre foi uma criança mais dependente para fazer tudo…talvez um pouco de erro meu de querer mimar e entregar tudo na mão.
Com o nascimento do Lorenzo (quase 3 anos) comecei a me questionar até que ponto podemos e devemos dar autonomia aos filhos. Lorenzo é completamente independente e quer fazer TUDO sozinho. Enquanto Ian me pede, até hoje, para cortar a maçã pra ele, o Lorenzo pega a maçã da fruteira sozinho, lava e passa por mim comendo na boa…sem nem pedir…kkkk
Então fui conversar com pediatras, psicólogas, pedagogas e outras mamães para entender um pouco melhor esse universo e descobrir como ajudar meus filhos a terem mais autonomia pra se transformarem em adultos mais autoconfiantes. Abaixo seguem algumas dicas do que descobri:
1) Estimular e encorajar a autonomia é imprescindível para o desempenho cognitivo das crianças:
Fiquei sabendo sobre um estudo canadense que prova que no momento em que a mãe dá suporte ao filho para a realização de uma atividade sozinho há uma grande melhora na capacidade da memória, no pensamento e na capacidade para solucionar problemas.
Então, se você faz tudo para o seu bebê, até encaixar um lego que ele está com dificuldade, repense seus conceitos.
Toda mãe, pelo menos a maioria, quer o melhor para o seu filho, mas isso não significa fazer tudo por ele. Ajudá-lo a conquistar a independência e a autonomia faz parte do processo de aprendizagem.
É maravilhoso ver a criança feliz e realizada, e por isso é tão doloroso e complicado quando nos deparamos com a frustração da criança em lidar com o erro e com a decepção. Mas o melhor caminho é proporcionar incentivos para que ela tente resolver as situações que são possíveis para a sua idade.
2) Quando começar?
Tem mães que acham um exagero dar autonomia a um pequeno bebê, esquecendo-se que isso é um processo gradativo e na medida que a criança se desenvolve é capaz de realizar novas conquistas até que, pouco a pouco, vá se tornando independente.
Na verdade, não “damos” autonomia, apenas vamos ensinando e deixando para que a própria criança tente resolver conflitos com as orientações e valores que proporcionamos no dia a dia.
Ou seja, a “escolha” da criança sempre estará amparada pela supervisão dos pais ou responsáveis.
Incentivar a autonomia não significa deixar a criança fazer suas próprias escolhas e tomadas de decisão sozinha. Significa estar ao lado dela orientando, incentivando e propondo desafios.
3) Como fazer?
Muitos pais não sabem por onde começar e descobri algumas dicas para dar início a esse processo:
– Deixe que a criança participe das pequenas escolhas do dia a dia como ajudar no preparo da lancheira (aqui em casa escolho 3 frutas e apresento ao Lorenzo…ele escolhe qual delas vai levar naquele dia).
Outra opção é escolher 3 conjuntos de roupa infantil e deixar a criança optar qual deles quer vestir naquele momento. (Aqui em casa ainda estou adaptando esse momento, pois na maioria das vezes ele não quer colocar nenhuma…rsrsrsrs)
A dica é limitar o número de opções, se não a criança fica perdida e você fica maluca.
– Explique para a criança sobre o ganho e a perda que se tem em cada escolha. Deixe que ela reflita dando tempo para a tomada de decisão.
Isso é mais fácil com o Ian, porque com 9 anos conseguimos explicar melhor as consequências de cada ato.
– Quando houver arrependimento pela escolha feita, ensine a criança a lidar com a frustração sem críticas ou frases do tipo “eu te avisei”. Explique que nem sempre somos capazes de tomar a melhor decisão e que para isso existem outras oportunidades para acertar e melhorar.
– Tente mudar a forma como brinca com seu filho deixando que ele guie a brincadeira (sempre sem riscos)
– Também pode ser saudável para ambos os lados a criança assumir algumas tarefas de casa, sempre se respeitando as limitações físicas e emocionais e a idade das crianças fazendo com que isso seja uma tarefa compartilhada entre a família sem se tornar uma obrigação dolorosa.
Inicialmente devemos ensinar as tarefas fazendo junto com a criança. A idéia não é que a tarefa saia perfeita, mas que a criança entenda o valor daquela atividade.
4) Como sei o que meu filho é capaz de fazer em cada idade?
Vejo, constantemente, mamães e papais na dúvida sobre qual idade a criança é capaz de trocar de roupa sozinha, ou com quantos anos meu filho deve saber amarrar o sapato infantil sozinho? E tomar banho?
Por mais difícil que possa parecer não devemos fazer TUDO para os nossos filhos, nosso instinto de mãe quer protegê-los, colocá-los debaixo de nossas asas, mas com essa atitude não permitimos que eles tenham a liberdade de viver os desafios de cada etapa do desenvolvimento.
Vou listar aqui algumas tarefas fáceis e sugeridas por especialistas para dar um ponta pé inicial nessa caminhada da autonomia:
12 a 18 meses:
– Já podem comer com as mãos
– Guardar brinquedos
2 a 3 anos:
– Comer com a colher
– Guardar os brinquedos nos lugares certos
– Aprender a lavar as mãos com auxílio de um banquinho
– Beber água sozinho
– Iniciar o processo de escovação dos dentes (só poderá fazê-lo sozinho quando conseguir escrever letras de forma)
– Ajudar a escolher a roupa que vai vestir
– Colocar a roupa suja no cesto
– Calçar e descalçar os sapatos (com velcro ou de vestir)
4 a 5 anos:
– Subir escada
– Vestir-se e despir-se
– Abotoar e desabotoar
– Colocar comida no prato e depois colocar o prato sujo na pia
– Tomar banho
– Aprender a atravessar a rua
– Arrumar a mochila da escola
– Amarrar os sapatos
– Usar faca para comer
– Se limpar após utilizar o banheiro
6 a 7 anos:
– Ajudar a lavar e secar a louça
– Colocar e tirar a mesa
– Preparar o lanche da escola
– Manter o quarto organizado
– Andar de bicicleta sem rodinha
8 a 9 anos:
– Guardar as roupas nas gavetas e armários
– Escolher as roupas que vai vestir
– Usar relógio e calcular o tempo para as atividades
– Arrumar a própria cama
– Ajudar no preparo de refeições
Como em tudo relacionado aos filhos é preciso ter paciência e muito amor. O resto cada família vai adequando ao seu ritmo e necessidade.
Gostou do texto? E na sua casa? Me conte como você está lidando com a autonomia das crianças…
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Veja também esse E-book com os 7 passos para ensinar seu filho a gostar de ler.
Bjs e até o próximo papo!
Sou Marília Tannuri Verni.
Mãe de 2 meninos,
publicitária, idealizadora do portal Grávida em Campinas
e proprietária da loja infantil on line Petit Papillon Bebê & Criança.
Uma apaixonada pelo universo infantil e por todas as chances que a maternidade nos proporciona.